quarta-feira, 3 de outubro de 2007

A Colheita # 2

No dia em que esse amor esquecido passar,
Por entre as escuras veredas d’outra vida,
Estigmas e lágrimas logo irão anunciar
E lamentar pela sua instantânea partida.

O risco que corres é um mero desejo;
Que questiono atrelado em sonhos meus,
De tudo faço! Corro, caio, até pelejo,
Só pra me confortar nos braços teus.

Ainda ontem, porém, assim me deixou
O tal do cheiro em mim impregnado;
Até que o vento fez esmiuçar o torpor,
Que durante dias deixou-me extasiado.

Não quero assim ser mais um personagem,
Que vaga sozinho em busca de um papel,
Atrás de pés que clamam por massagens,
Atrás de tons que se perdem pelo céu.

Longe de mim! Prefiro o dom da poesia;
Que esboça assim, imagens de você;
Lembra-me tantas caras que você fazia,
E momentos que não consigo esquecer.

Ainda que acabe o alpiste que tem em mãos,
Peço-te uma coisa para sempre lembrar:
O mundo contém ainda muitos grãos,
Mas o tempo nem sempre é bom pra plantar.